terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O porquê da tristeza…

Nesta altura do ano é comum perguntarem-me porque ando triste, é normal, as pessoas conhecem-nos mas não nos “conhecem”… poderia dizer inúmeras coisas mas não entenderiam, apenas os que me são próximos entendem e mesmo assim nem todos.
Poderia começar por vos contar uma história, mas essa história subentendia tantas outras, que eu teria que escrever uma autobiografia.
E essa parte deixo para quando tiver uma casa à beira do lago, em que a única coisa que ouça seja o barulho das águas a bater nas pedras, o coachar das rãs e o sibilar dos pássaros...
Por isso o melhor é dizer como digo sempre… não é NADA… mas este ano apetece-me imortalizar e contar-vos a “história da minha infância” que me "fez" como sou por ser tão marcante…
Já passaram 26 anos e parece que foi ontem, pois os acontecimentos desse fatídico dia ainda continuam tão presentes na minha memória. Nessa altura o dia da mãe era comemorado a 8 de Dezembro, dia da Imaculada Conceição e nesse ano a minha mãe resolveu ir visitar os pais no dia 1 uma vez que no fim de semana seguinte íamos passear com alguns vizinhos. À despedida ainda recordo as palavras que se trocaram, por sinal as últimas que eu ouviria da minha avó… a minha mãe disse-lhe que não poderia ir no fim de semana seguinte e ela respondeu “ vê lá se não tens que cá vir antes…” e infelizmente assim foi…
Era uma noite como tantas outras, a minha avó preparava-se para fazer o jantar, necessitava de água e foi ao poço buscá-la, mas quis o destino que a picota se partisse e ela caísse dentro do poço, uma vizinha quando ouviu o barulho começou a gritar e então um rapaz, que estava a chegar lá a casa para informar o meu tio mais novo que ele tinha ficado “livre” da tropa, foi a correr ver o que se passava. Nisto chegou o meu avô que tinha ido à estação de Fátima levar uns amigos e foi também ajudar, no meio da aflição a primeira escada que encontraram era demasiado curta e não chegava ao fundo do poço, então para ultrapassar a situação ataram uma corda e o rapazito prontificou-se a descer para ir buscar a minha avó, mas o meu avô não deixou, retorquiu que quem ia buscar “ a sua Maria” era ele, e assim foi… o meu avó desceu a escada e conseguiu agarrar a minha avó… entretanto chegaram mais pessoas e quando estavam a tentar iça-los… o muro do poço desabou e dois tijolos atingiram o meu avô na cabeça… nada mais havendo a fazer… quando chegaram os bombeiros, confirmou-se o óbito e retiraram-se os corpos da escada…
E já passaram 26 anos e continua a doer imenso a ausência deles...

2 comentários:

  1. Uma grande tragédia :( estas marcam uma vida inteira por mais anos que passem, entendo bem o que sentes, já passaram 22 anos que perdi o meu avô e 2 anos e meio que perdi a minha mãe esta falta que eles fazem é eterna e vai doer para sempre.

    Mas temos que nos agarrar ao que temos cá, temos que viver a vida como se fosse sempre o ultimo dia, nunca sabemos o que nos espera.

    Força e um beijo forte.

    ResponderEliminar
  2. Olá Sandra, sem dúvida que as tragédias nos marcam, neste caso marcaram tanto os 6 filhos que eles tinham como os netos que já existiam. A minha mãe e os irmãos/irmãs ficaram todos num estado depressivo durante meses e meses, eu tinha 7 quase 8 anos e lembro-me que em casa não podíamos rir, brincar, e que a minha mãe passava os dias a chorar e a ralhar. Eu escondia-me no quarto para ela não se chatear comigo por alguma coisa e eu acabar por levar um estalo ou pior.
    Felizmente com os anos as coisas foram melhorando e agora ela nem gosta de falar nisso, porque sabe que não era em mim que ela devia descarregar tudo o que estava a sentir...
    Por isso é que digo, o tempo pode atenuar tudo... mas não apaga...

    ResponderEliminar